Seja bem vindo.

A voz do Basilisco não é tão feia quanto parece.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Fim do mundo o escambal!

Um colega um tanto religioso chegou perto de mim esses dias e lançou as palavras proféticas: "Irmão, o fim está próximo." "Próximo o quê?"-perguntei. "O fim dos tempos", setenciou. "Mas de onde você tirou essas conclusões, meu caro"?- insisti. E ele então citou a Bíblia dizendo que perto do fim haveria grandes guerras, terremotos, fome , pestilências etc. Falou ainda que o mundo está ficando pior.
Pobre colega, não sabia ele que as guerras de hoje são coisa pequena frente às guerras de outrora. Na Guerra do Golfo morreram pouco mais de 100 mil pessoas. Na 1ª grande guerra morreram mais de 19 milhões. Na segunda , foram mais de 70 milhões de mortos, praticamente o mesmo número de mortos que Mao produziu na China. As guerras da antiguidade mataram gente que só vendo. Isso sem falar das intermináveis batalhas do Velho Testamento nas quais os filhos de Israel passavam a espada sem piedade em qualquer filisteuzinho que se metesse a besta.
E os terremotos?Em 1556 morreram mais de 800 mil na China num tremor em uma cidade chamada Shaanxi .Lisboa foi destruída em 1755 com mais de 100 mil mortos por conta de um terrível abalo. Há casos recentes de terremotos no México, Chile, Haiti e outros tantos lugares. Continuará havendo pois a Terra está em constante transformação e não porque esteja próximo o fim do mundo.
A produção de alimentos tem crescido. Malthus errou em suas analogias de P.A. e P.G. Não pôde prever os avanços tecnológicos nas ciências biológicas e a implementação dessas tecnologias nas técnicas agrárias. A tendência é que o crescimento mundial se estabilize e que a tecnologia nos ensine a produzir mais degradando menos e em menos espaço.
E as pestilências? Eu nunca tive um vizinho que tenha contraído varíola. Já foi erradicada há muito tempo. Amostras dos agentes patogênicos? Somente em laboratórios especializados.Sarampo, caxumba e rubéola estão pertinho de serem erradicadas.
Como é bom viver numa época em que existe anestesia. Já pensou extrair o apêndice ou fazer uma vasectomia à base de cachaça? Qualquer viagem curta demorava uma eternidade pois os meios de transporte não eram tão diversos e velozes como os de hoje. Hoje tem internet para um contigente crescente que paulatinamente faz uso desse meio de comunicação, informaçoes via satélite , forno de microondas, telefones celulares ,vacinas, remédios produzidos em larga escala, whey protein e outros suplementos alimentares, polivitamínicos...
Além disso, hoje em dia , a gente pode falar mal do Lula, criticar o governador e tantos outros. Se fosse a época do absolutismo, o Rei mandaria e desmandaria e haja guilhotina para tanta cabeça.O mundo não piora. O mundo só melhora. Não há nada em essência que seja muito novo sobre a Terra. Hoje em dia é o melhor dia de todos os tempos. Quem dera viver 10 anos numa época futura.
JT

quinta-feira, 15 de julho de 2010

O NASCIMENTO DA TRAGÉDIA


Há alguns anos, por volta de 1998, um amigo evangélico me apresentou o “Assim falou Zaratustra” do filósofo alemão Friedrich Nietzsche. De lá para cá já li quase a obra completa do autor , inclusive os fragmentos isolados publicados pela Editora da Universidade de Brasília.
Um dos últimos livros de Nietzsche que li foi o primeiro que ele publicou em 1872 : O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música (em alemão: Die Geburt der Tragödie aus dem Geiste der Musik). O livro que eu tenho é da Editora Companhia das Letras. O autor publicou a obra antes dos 30 anos de idade.
Na obra, além de confrontar o Dionisíaco com o Apolíneo no que se refere à tragédia, Nietzsche trata de coisas que eu julgo muito mais importantes que esses “pormenores filosóficos” às vezes não muito inteligíveis. Ele fala de como a tragédia surgiu, porque surgiu, em qual contexto histórico e porque entrou em declínio. É uma obra interessante para quem se interessa pelos fenômenos estéticos. Você que está lendo quer saber de detalhes filosóficos? Vá ler o livro ou consultar as enciclopédias. O que eu vou dizer agora, você não vai encontrar em nenhuma resenha e em nenhum resumo sobre “O Nascimento da Tragédia”:
Nietzsce sugere que a tragédia surgiu precisamente na Grécia porque os gregos foram os primeiros a reconhecer “a problemática da existência”...isso mesmo, crises existenciais, momentos reflexivos com a consciência exacerbada , essas coisas que a gente sente quando está “puto da vida” ou com problemas irresolutos. A tragédia mostrou a sua face surgindo precisamente quando os gregos estavam vivendo as Guerras Médicas[1], exatamente no Século V antes de Cristo, e é nesse período que vivem Sófocles, Ésquilo e Eurípedes; os grandes trágicos gregos. Ésquilo o mais antigo , até lutou na guerra contra os persas. Sófocles parecia um sujeito bem quisto, inteligentíssimo e com muito talento artístico. Eurípedes foi o último dos 3 grandes trágicos gregos e segundo Nietzsche, o graaaaaande responsável pelo declínio da tragédia. Sabem por quê? Bem...Eurípedes desequilibrou a relação entre o “apolíneo” e o “dionisíaco” acabou com o esquema de colocar mitos nas peças, as suas obras ficaram um tanto que mais “profundas”, ou de certa forma, com “análises psicológicas pormenorizadas”.Ou seja: “ Eurípedes quis dar uma intelectualizada no negócio e acabou tirando a graça da parada.” O tal do “enredo” saia do foco e em seu lugar entrava a “mensagem”. Além disso , acabou com o coro[2] e participação do público.Deu no que deu.
O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música é um livro que vale a pena ler. Não somente para nos instruir mas também para vislumbrarmos o “seio intelectual” no qual mamaram Sócrates e Platão e que por consequência , mamamos todos nós até o dia de hoje.
J.T.
[1]http://educacao.uol.com.br/historia/guerras-medicas-contexto.jhtm
[2]http://www.fcsh.unl.pt/invest/edtl/verbetes/C/coro.htm

quarta-feira, 14 de julho de 2010

TROPA DE ELITE: o melhor filme brasileiro de todos os tempos.


Um belo dia, em 2007 ou começo de 2008, não me lembro bem, meu irmão me apresentou um CD pirata de um filme nacional. "Deve ser uma bosta!", pensei. Grande engano. "Nunca antes na história deste país " produziu-se um filme de qualidade tão elevada! Foi o que eu pensei após terminar de assistir. Eu estava em transe. Estático.

Grande parte da audiência do filme se deu através da proliferação de CDs piratas. Mais de 11 milhões de pessoas assistiram sem necessidade de frequentar uma sala de Cinema, onde posteriormente faturou mais de 20 milhões de reais.

Parte da imprensa classificou o filme como hollywoodiano. Eu sempre dizia um tanto pleonasticamente e sem o lulismo epidêmico que se um filme brasileiro é produção nacional não poderia ser bom. Bobagem!- tantos filmes brasileiros bons por aí...como exemplos de filmes brasileiros de qualidade temos o "Central do Brasil" , o "Cidade de Deus", o "Central do Brasil" , o "Cidade de Deus", temos também aquele filme do Sales chamado "Central do Brasil" e o do Meirelles que se eu não me engano se chama "Cidade de Deus". Ah! Já ia me esquecendo, não poderiam faltar à lista: "Central do Brasil" e "Cidade de Deus". A Folha de São Paulo tem até certa razão , afinal de contas , o filme é tão bom mas tão bom que não parece nacional.
O cinema nacional se sustenta em nomes como Matheus Nachtergaele, Selton Mello ,Dira Paes e outros poucos nomes(que justiça seja feita, são ótimos atores) , entretanto, os filmes são geralmente repletos de erros e incoerências quando não muito raramente tencionam "poetizar" as coisas e dar um "novo sentido à vida". Não que eu seja um expert em Cinema, muito menos em Cinema Nacional...longe disso.Mas acontece que , assim como qualquer um pode saber a diferença entre um hot dog e um Big Mac, qualquer um também pode sentir a diferença entre os filmes citados e qualquer um outro produzido no Brasil. Antigamente eu gostava dos filmes brasileiros que passavam de madrugada na extinta TV Manchete. Essa época coincide precisamente com a fase que eu roubava revistas de lingerie DeMillus que a minha mãe possuía.

O que o filme tem de tão extraordinário? Bom...será que é o fato de o Wagner Moura está tão bem , mas tão bem que parece carioca e não baiano? "Cadê o sotaque que estava aqui? O gato comeu." É o fato de o André Ramiro se transformar comportamentalmente do começo para o fim do filme? São os funks ambientados e o modo de viver exposto pelos figurantes?É o fato de o Milhem Cortaz representar perfeitamente o policial corrupto com pitadas de consciência moral? É o linguajar característico pouco se lixando se o público estará familiarizado com as gírias cariocas ou com o palavreado militar? O sucesso é inexplicavelmente derivado disso tudo e de muito mais. A gente se vê na personagem do comerciante explorado, da prostituta cafetinada, do cidadão extorquido, do usuário agredido , do estudante voluntarioso.
Mark Twain , o grande escritor norte americano dissera certa vez que estava mais preocupado em contar histórias que instruir as massas. E é isso que o graaaaaaaaaande José Padilha faz: conta uma grande história sem ficar fazendo juízo de valor.

Os vigilantes do politicamente correto vão chiar...mas danem-se! Filme brasileiro que não tem retirantes,êxodo rural, violência urbana , drogas , sexo ou tudo isto junto está fadado ao insucesso.
É isto...falei e está falado.

Mais tarde, num próximo post, vou dar uma de cara do "papo cabeça" e relacionar o sucesso do filme aos escritos de um grande filósofo alemão.
Enquanto isso...espero ansiosamente o "Tropa de Elite" número 2 e batizo José Padilha com o título honorário de Grande Mark Twain do cinema brasileiro.
J.T.

terça-feira, 13 de julho de 2010

FRANGO COM HORMÔNIO


O Brasil é um país que produz muito frango e muita "conversa para boi dormir". A produção de aves e de conversa fiada serve tanto para o consumo interno como para exportação. Em 1950, o frango era abatido com dez semanas, pesando cerca de 1,5 kg. Hoje, o abate é realizado com 43 dias e peso médio de 2,3 kg. Aquele pintinho branquinho que só fazia "piu, piu" logo se transforma em um suculento frango carnudo que pode ser saboreado de diversos modos.
Frequentemente aparece um espertinho que setencia: "esses frangos de hoje em dia estão cheios de hormônio...". Hummmmmmmm. isso é uma baita de uma conversa fiada. O que mudou de 1950 para cá? Simples: avanço tecnológico. Os frangos de hoje em dia são rigorosamente vacinados, possuem alimentação balanceada (com soja, milho,minerais etc.), com todos os nutrientes necessários e passam muitas horas do dia totalmente confinados comendo o tempo todinho. Além disso , o controle de doenças nas granjas é muito seguro e eficaz. Experimente você que está lendo, ficar 43 dias dormindo pouco e comendo muito , o tempo todo. Depois desse período , visite a balança para ver a mudança. Não vamos esquecer também que o uso de hormônios elevaria substancialmente o custo da ração (esteróide é muito caro, nenem) e por conseguinte o valor da carne branca no mercado...Ah! E não vamos esquecer que o trato digestório das aves degradaria as substâncias introduzidas na ração , o que minimizaria bastante qualquer efeito no crescimento do animal.
Não existe produção de frango com aplicação de hormônio. Isso é uma lenda urbana (quase rural).
Muita gente vai duvidar quando você desfizer esse mito.
Mas o conhecimento é aristocrático.
A árvore do conhecimento do bem e do mal não era a árvore da vida.
J.T.