JT
A
palavra Metanóia (em grego μετανοεῖν)
significa “transformação
de comportamento ou de carácter, mudança de pensar e sentir, no caminho da perfeição, conversão interior”.
A transliteração metanoein
relaciona-se, por derivação,a “mudar de
idéia ou transformar o próprio pensamento”. A palavra aparece, por exemplo, em
Atos dos Apóstolos 17:30 e 26:20. Com o sentido de arrepender-se. Examinando as Escrituras Gregas Cristãs (Novo Testamento) através de uma Bíblia em
Grego (pode ser a versão online) observamos que em Língua Portuguesa o trecho em grego:
“tous men oun chronous tês agnoias uperidôn o
theos ta nun paraggellei tois anthrôpois a=pantas tsb=pasin pantachou metanoein”
...É traduzido na versão Almeida (nossa versão
bíblica mais usual) como:
“Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam.”
A derivação metanoeite (que em sentido primordial significaria mudar de vida) também aparece várias vezes nos textos cristãos como em Mateus 4:17 e Marcos 1:15, traduzidos sempre em Língua Portuguesa como “Arrependei-vos” e não simplesmente como “mudai de vida”. Arrepender-se de alguma coisa de maneira absoluta significa abandonar determinadas práticas optando pela adoção de práticas novas.
“Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam.”
A derivação metanoeite (que em sentido primordial significaria mudar de vida) também aparece várias vezes nos textos cristãos como em Mateus 4:17 e Marcos 1:15, traduzidos sempre em Língua Portuguesa como “Arrependei-vos” e não simplesmente como “mudai de vida”. Arrepender-se de alguma coisa de maneira absoluta significa abandonar determinadas práticas optando pela adoção de práticas novas.
A palavra Terapia vem do termo grego θεραπεία que quer dizer "servir a Deus”. A transliteração Therapeuein pode ser usada com o sentido de “fazer um
tratamento ou procedimento que vise a cura” e pode também ser usada com o
significado de obedecer as ordens de um mestre e render-lhe culto”. Em Mateus 10:01, no texto
transliterado em grego temos:
“... kai proskalesamenos
tous dôdeka mathêtas autou edôken autois exousian pneumatôn akathartôn ôste
ekballein auta kai therapeuein
pasan noson kai pasan malakian”.
Na Bíblia em Português o trecho é traduzido como:
“E, chamando a si os seus doze discípulos, deu-lhes autoridade sobre os espíritos imundos, para expulsarem, e para curarem toda sorte de doenças e enfermidades”.
O mesmo ocorre em Lucas 09:01, Marcos 3;15, assim como em Mateus 12:10 e Lucas 14:03 fazendo menção em curar aos sábados.O cuidar de si, partindo de ensinamentos particulares de várias doutrinas religiosas do oriente, significaria cuidar de um Deus interior que se manifesta através da própria existência.
“E, chamando a si os seus doze discípulos, deu-lhes autoridade sobre os espíritos imundos, para expulsarem, e para curarem toda sorte de doenças e enfermidades”.
O mesmo ocorre em Lucas 09:01, Marcos 3;15, assim como em Mateus 12:10 e Lucas 14:03 fazendo menção em curar aos sábados.O cuidar de si, partindo de ensinamentos particulares de várias doutrinas religiosas do oriente, significaria cuidar de um Deus interior que se manifesta através da própria existência.
O fundamento primordial do pensamento
Socrático relatado por Platão é o gnōthi
seauton (em grego) ou nosce
te ipsum (em latim) que significa “Conhece-te a ti mesmo”, o que seria
um passo primordial para o aprimoramento ou melhoria da própria pessoa na sua
relação consigo mesmo e na sua relação com os elementos externos (outras
pessoas,com a natureza etc.).Os filósofos que viveram antes de Sócrates , os
chamados “Pré-Socráticos” não demonstravam considerável preocupação com os
temas mais complexos da filosofia socrática relatada por Platão. Na verdade
esses antecessores trabalhavam com temas relacionados aos fenômenos da natureza
e aos fundamentos constituintes daquilo que existe, por isso eram chamados de
“filósofos da natureza”.
O gnōthi
seauton socrático (conhecer a
si) e o epimeleia heautoun (cuidar
de si) estariam relacionados de maneira muito objetiva , pois afinal de contas,
é compreensível que se cuida melhor daquilo que melhor se conhece. Therapeuein heauton por sua vez,
significaria prestar culto a si mesmo ou ser servidor de si tendo zelo por si.
Platão, inclusive , em seu
“Alcebíades” que trata
da doutrina socrática do
auto-conhecimento, afirmava (como se
fosse Sócrates que o dissesse) que os jovens destinados a cuidar de si seriam
aqueles que estariam destinados a exercer o poder.E esse cuidar de si seria
importante para que eles se preparassem para guiar os subordinados por um
caminho adequado através do bom exercício do poder. Por sua vez, esse exercício adequado só seria conseguido se o
jovem trabalhasse o conhecimento de si próprio.Em seguida, Platão diria que
qualquer um poderia praticar o cuidado de si tendo como finalidade a melhoria
individual de cada um, o que determinaria a melhoria da polis (da cidade) , o
que poderíamos relacionar num linguajar moderno como uma melhoria nos padrões
de convivência da sociedade. Para isso, o jovem deveria ter acesso à educação
diferenciada, fazer parte de movimentos religiosos, ter a capacidade de
praticar o lazer e outras atividades que
obviamente, desde aqueles tempos e até hoje são restritas a uma pequena parte
de privilegiados.
Michel
Foucault (1926-1984) dizia : “A partir da idéia que o indivíduo não nos é
dado, acho
que há apenas uma conseqüência prática: temos que criar a nós mesmos como uma
obra de arte”.Foucault
também dizia que “onde há poder, há resistência”. O cuidar de si, a
conversão externa ou a mudança de comportamento muitas vezes não acontecem por causa de
“poderes” internos ou externos que em grande parte não sabemos dar nome
por falta de uma reflexão adequada.
Então podemos perguntar quando e como
precisamente começamos a atuar conscientemente nessa espécie de transformação
interna buscando a conversão particular de um estado problemático para um
estado de maior equilíbrio.A resposta de tal questionamento é um bom ponto de
equilíbrio que determina que é necessário que cuidemos de nós mesmos como se
estivéssemos prestando culto a um princípio ou uma vontade interior (que se revela
através do autoconhecimento) de forma que possamos aproveitar com plenitude
cada fase da vida.Para Foucault é necessário que tenhamos uma certa compreensão
de que a velhice não é uma fase em que a vida esteja diminuída , inferiorizada
mas sim um objetivo a ser atingido como finalidade máxima de um ser que ama a
si e que quer viver a existência em plenitude aproveitando os frutos de
variedades doces, azedas e amargas naquilo que eles têm de mais edificador.Mais
uma vez, a compreensão do que é edificante se manifesta apenas em uma
correlação com o autoconhecimento. É necessário encarar a velhice como um
princípio norteador para a vida e não como um findar absoluto para a mesma.
É preciso, portanto, que estejamos
dispostos sempre a uma busca por uma metanoeim
permanente (transformação de comportamento) realizando uma therapeuei (cura individual e pessoal) que possibilite uma
vida plena e feliz, através de um comportamento aberto e construtivo não
apoiado em conceitos dogmáticos. Essa busca
já era abordada por Epicuro quase 300 anos antes do Cristianismo para
quem a felicidade com quietude da mente e o domínio sobre as
emoções era um objetivo que poderia
ser conquistado com a prática
filosófica. No pensamento
epicurista não podemos nem devemos evitar a filosofia na juventude ou
quando se é idoso, não se deve cansar da prática filosófica pois nunca é muito
tarde ou muito cedo para cuidar do intelecto, daquilo que nos anima a
compreender a nós mesmos e ao que nos cerca. Para Epicuro, aquele que diz que
ainda é cedo, ou que não é mais tempo de filosofar, parece àquele que diz que
não é o momento ou não é mais tempo de se sentir feliz. Devemos, então praticar
a filosofia na juventude e na velhice, pois dessa forma, as lembranças dos dias
passados rejuvenescerão os velhos, e o conhecimento tornará o jovem tão firme,
forte , decidido e sereno quanto um velho diante dos tempos que virão.
Filosofar é uma necessidade.
J.T. Basilisco
Textos
para Consulta:
http://www.fafich.ufmg.br/bib/downloads/Carta_sobre_a_felicidade.pdf
http://filoinfo.bem-vindo.net/plotinus/Alcibiades-I
http://www.giuseppebarbaglio.it/articoli/cultoTrento%20_2_.pdf
http://www.giuseppebarbaglio.it/articoli/cultoTrento%20_2_.pdf