ORTEGA
Y GASSET E AS MUDANÇAS PEDAGÓGICAS no DF.
Ortega y Gasset foi um
filósofo espanhol com trabalhos importantes e interessantes na área de Educação.
O Ministério da Educação/FNDE/Fundação Joaquim Nabuco enviou às escolas em 2010
a Coleção Educadores, que reserva um Volume para aspectos da Obra do filósofo
espanhol na área educacional. Quem assina o prefácio é o ex-ministro Fernando
Haddad.
1-
O professor tem conhecimento e se
importa com o contexto pessoal do aluno?
No tomo XIX das Obras
Completas, página 13, Ortega y Gasset afirma “Eu sou eu e a minha
circunstância, e se não salvo a ela, não me salvo eu”. Juan Guillermo Droguett pergunta a respeito
em seu “Ortega y Gasset, Uma crítica da Razão Pedagógica” se o professor
conhece a circunstância interna e externa do aluno que ele educa. “Os
professores encarregados de preparar para a vida futura não se conscientizam
das coisas a não ser quando passam por elas.”“ Ao entrar o pedagogo em relação
educativa com seu aluno, encontra-se frente a um tecido social, não frente a um
indivíduo”.
2-
Os professores julgam importante fazer a adaptação curricular de
acordo com a necessidade e desenvolvimento do seu aluno ou de forma que
facilite os estudos?
No tomo IV das Obras completas
Ortega y Gasset diz algumas coisas interessantes:
Nas páginas 331 e 332 ele
menciona a necessidade de se adaptar os conteúdos do ensino ao aluno do Ensino
Médio, para ensinar só aquilo que se pode aprender, sendo isso um postulado da
técnica pedagógica. E outra coisa: “a técnica DOCENTE só é necessária quando os
conteúdos a transmitir ultrapassam as possibilidades de aprender, e hoje, mais
do que nunca, o excesso da riqueza tecnológica e a acessibilidade dos textos
ameaça a possibilidade de absorção do ser humano.” E lembrem que Ortega y
Gasset faleceu em 1955, quando nem havia a internet. Quando trata do Ensino nas
Universidades à época, o autor ainda fala que a função principal não se limita à
formação de pesquisadores, cientistas e membros das profissões intelectuais
sendo a função principal socializar, civilizar os cidadãos de uma sociedade
democrática, introduzindo-os no essencial da Cultura.
Alguns professores
falam: “Ora, os alunos não querem nada!”
3-
Existe algum mecanismo de fazer com que
os alunos se interessem por assuntos que de maneira nenhuma lhe parecem
interessantes?
A situação do estudante
ante a Ciência (aos conteúdos) é oposta aposição de quem traz as competências à
tona para ele: Em seu trabalho “SOBRE O ESTUDAR E O ESTUDANTE” disponível em
pdf na internet, o filósofo espanhol afirma:
“Se a ciência
não estivesse já aí, o bom estudante não sentiria qualquer necessidade dela,
quer dizer, não seria estudante. Estudar é para ele uma necessidade externa,
que lhe é imposta. Portanto, ao colocar o homem na situação de estudante, este
é obrigado a fazer algo de falso, a fingir uma necessidade que não sente.Várias objeções
são aqui possíveis. Dir-se-á, por exemplo, que há estudantes que sentem
profundamente a necessidade de resolver determinados problemas constitutivos
desta ou daquela ciência. É verdade que os há. Mas é impróprio designá-los por
estudantes. Impróprio e injustificado. Trata-se de casos excepcionais,
criaturas que, mesmo que não existissem estudos ou ciências, inventá-los-iam
por si mesmos, sozinhos, melhor ou pior; criaturas que, por uma inexorável
vocação, dedicariam todo o seu esforço a investigar. Mas, e os outros? E a
imensa maioria normal? São estes e não aqueles que realizam o verdadeiro
sentido — não utópico — das palavras estudar”
e “estudante”. São estes que é injusto não reconhecer como os verdadeiros
estudantes. É pois em relação a estes que se deve colocar o problema de saber o
que é estudar enquanto forma e tipo do fazer humano.(...) É um imperativo do nosso tempo—cujas graves
razões exporei um dia, neste curso — sentirmo-nos obrigados a pensar as coisas
no seu ser desnudado, efetivo e dramático. É essa a única maneira de nos enfrentarmos
verdadeiramente com elas. Seria encantador que, ser estudante, significasse
sentir uma vivíssima urgência por este ou por aquele saber. Mas, a verdade, é
estritamente o contrário: ser estudante é ver-se alguém obrigado a
interessar-se diretamente por aquilo que não o interessa ou que, em última”.
No Tomo I , pag
508: “Pela Educação, obtemos de um indivíduo imperfeito, um ser humano mais
aperfeiçoado.”
4-
Qual
é o tipo de escola que queremos?A escola deve preocupar-se apenas com os alunos que se
interessam pelo processo educativo, apenas com os que não se interessam ou com
cada um de maneira diferenciada ou particular?
E no caso da
Resistência Prévia às implementações pedagógicas? “A
velha democracia viveu temperada por uma abundante dose de respeito para com as
minorias dirigentes e de entusiasmo pela lei. Ao servir estes princípios, o
indivíduo vê-se obrigado a sustentar em si mesmo uma disciplina difícil.
Democracia e lei, convivência legal eram sinônimos.” Ortega y Gasset dizia que
àquela época assistíamos ao triunfo de um modelo de “hiperdemocracia” em que a massa
atuaria diretamente sem lei, por meio de pressões materiais, impondo suas
aspirações e seus gostos.” O autor ainda constata que quando se inaugurou a democracia e o sufrágio
universal como forma geral de governo no mundo, as massas não decidiam. O papel
das massas consistia em aderir à decisão de uma ou outra minoria aceitando um
projeto de decisão de uma minoria dirigente. A minoria dirigente que seria
escolhida democraticamente.
5-
O
professor ou gestor de escola que exige maior poder de decisão e participação nas
medidas educacionais tomadas pelo estado abre mão do seu poder de decisão quando
confrontado por pais e alunos? Eles dão aos pais e alunos a liberdade e o
prisma de direitos de decidir sobre o processo
da forma que eles pedem aos governantes?
Há um problema
que reflete bem a situação do Distrito Federal: “a declaração das minorias
dirigentes representa o avesso da rebelião das massas.” O que Droguett avaliou
em sua publicação: “Quando certas minorias dirigentes deixam de cumprir com o
seu papel histórico, quando se limitam a exercer o poder por meio de mandatos,
e não de exemplos, começa a perder sua função própria que é a de fundamentar o
mando como exemplo.”
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