Seja bem vindo.

A voz do Basilisco não é tão feia quanto parece.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Até que enfim, Cristovam Buarque!

Amigos e amigas.
Não é que milagres acontecem? Fui dar uma olhada no Blog do Washington Dourado e olhem o que eu vejo:  o ex-governador Cristovam Buarque fazendo um discurso sóbrio, objetivo  e "não muito utópico".
Depois de propor a inclusão da felicidade na Constituição Federal e de querer obrigar os políticos a matricularem seus filhos em escolas públicas, o nosso Senador engraçado (em quem eu sempre votei, afinal de contas, além dele, no DF nunca houve opção que valesse a pena) apresenta um momento de lucidez. Em tempos de trapalhadas da SEE, o nosso Zacarias "candangopernambucano" deixa o espírito comediante de lado e nos presenteia com um belo artigo.
Parabéns,Cristovam.
Vale  a pena conferir. Segue integralmente:

"

Ouvir o passado – Artigo J. Correio Braziliense – 29/01/2011

Ouvir o passado 

Quando assumi o governo do Distrito Federal, desejei fazer três perguntas ao governador anterior. Quais erros não repetiria, quais projetos gostaria de continuar e que novos projetos iniciaria. A distância política entre nós me impediu. Com a eleição do governador Agnelo Queiroz, gostaria de ter tido a oportunidade de apresentar minhas respostas a essas três perguntas.
Defenderia a volta da transparência e da ética, não apenas entre os quadros superiores, como também impedindo a generalização de pequenas corrupções na base, o que depende do comportamento e da imagem das autoridades de cada setor. Na ética, a imagem de que nada mudou leva a nada mudar, mesmo quando se deseja mudar. Apesar da perda de votos, continuaria recomendando construir escolas, redes de água e esgoto e espaços culturais no lugar de fazer viadutos e autopistas. Seria correto retomar o sentimento de uma Brasília Legal. A Bolsa Família deveria voltar a ser Bolsa Escola, um programa educacional administrado pela Secretaria de Educação e no valor de um salário mínimo por família. Como complemento à Bolsa Escola, a Poupança Escola deveria voltar; como também as agroindústrias familiares para dinamizar o setor rural dos pequenos produtores. A Paz no Trânsito precisa recuperar sua eficiência e compromisso com a vida. O Saúde em Casa deveria voltar a ser implantado nos moldes e na dimensão daquele tempo, quando, graças ao trabalho da secretária Maria José Maninha, a saúde pública funcionava muito bem. Sugeriria voltar a Cesta Pré-Escola, as temporadas populares, o Projeto Saber que, graças ao esforço do secretário Pedro Celso, assegurou ofício a centenas de milhares de jovens; e o Projeto Mala do Livro, que levou leitura para dentro das casas. Continuaria ainda com mais rigor e cuidado as faixas de pedestres. Retomaria o projeto Orla que, em 1998, já demonstrava tão bons resultados e que, apesar da interrupção, foi adiante graças ao setor privado.
Em relação a avanços e melhorias em projetos que fiz, além de ampliar aos poucos o horário em todas as escolas do DF, como fiz no meu governo, sugeriria manter o horário integral nos moldes limitados, mas positivos, iniciado no governo Arruda, e implantar a verdadeira educação integral dentro de cada escola. Recomendaria que essa revolução fosse feita por cidade, na qual todas as escolas teriam seis horas mínimas de atividades escolares por dia, em novos prédios bem dotados dos mais modernos equipamentos. Na democratização da escolha de diretores escolares, que implantei, avançaria criando uma escola de gestores e condicionando a eleição somente para os professores que tivessem o diploma. Até lá, manteria o sistema criado pelo governo Arruda de eleição depois de prova de qualificação para os candidatos, para saber se eles têm vocação, motivação e preparo para o cargo. O bom programa de alfabetização, inclusive com o Bolsa Alfa, que meu governo fez, seria substituído por um programa mais radical de erradicação do analfabetismo, definindo o prazo para colocar em frente ao aeroporto uma placa dizendo: “Você está entrando em um território livre do analfabetismo”. Também avançaria no uso da Parceria Público Privada, levando o mesmo conceito para creche, educação e saúde.
Quanto aos erros, não hesitaria em dizer que ouviria mais os parlamentares no que diz respeito ao cumprimento de promessas aos eleitores. Daria mais força à sociedade civil, com um orçamento participativo mais amplo, sem limitar-se apenas aos investimentos. Implantaria eleições para administradores de cidades, na linha da proposta de reforma da Constituição apresentada pelo senador Rodrigo Rollemberg. Substituiria o tempo que dediquei como professor em aulas na UnB, como dei durante todo o mandato, para ir com mais freqüência ouvir o povo nas rodoviárias, feiras, shopping centers. Faria reuniões quinzenais com os servidores e não só com os sindicatos.
Elegemos um governador para mudar e ele não deve seguir a opinião de seus antecessores, mas ouvir quem tem experiência é um gesto de quem já tem experiência. O governador chega para construir o futuro; seguir opinião de mais experientes pode levar ao conservadorismo, mas ouvir o ontem pode ser um bom caminho para o caminhar ao amanhã.
Cristovam Buarque é Professor da UnB e Senador pelo PDT – DF
http://buarque.org.br/?p=8970

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário: