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quinta-feira, 15 de julho de 2010

O NASCIMENTO DA TRAGÉDIA


Há alguns anos, por volta de 1998, um amigo evangélico me apresentou o “Assim falou Zaratustra” do filósofo alemão Friedrich Nietzsche. De lá para cá já li quase a obra completa do autor , inclusive os fragmentos isolados publicados pela Editora da Universidade de Brasília.
Um dos últimos livros de Nietzsche que li foi o primeiro que ele publicou em 1872 : O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música (em alemão: Die Geburt der Tragödie aus dem Geiste der Musik). O livro que eu tenho é da Editora Companhia das Letras. O autor publicou a obra antes dos 30 anos de idade.
Na obra, além de confrontar o Dionisíaco com o Apolíneo no que se refere à tragédia, Nietzsche trata de coisas que eu julgo muito mais importantes que esses “pormenores filosóficos” às vezes não muito inteligíveis. Ele fala de como a tragédia surgiu, porque surgiu, em qual contexto histórico e porque entrou em declínio. É uma obra interessante para quem se interessa pelos fenômenos estéticos. Você que está lendo quer saber de detalhes filosóficos? Vá ler o livro ou consultar as enciclopédias. O que eu vou dizer agora, você não vai encontrar em nenhuma resenha e em nenhum resumo sobre “O Nascimento da Tragédia”:
Nietzsce sugere que a tragédia surgiu precisamente na Grécia porque os gregos foram os primeiros a reconhecer “a problemática da existência”...isso mesmo, crises existenciais, momentos reflexivos com a consciência exacerbada , essas coisas que a gente sente quando está “puto da vida” ou com problemas irresolutos. A tragédia mostrou a sua face surgindo precisamente quando os gregos estavam vivendo as Guerras Médicas[1], exatamente no Século V antes de Cristo, e é nesse período que vivem Sófocles, Ésquilo e Eurípedes; os grandes trágicos gregos. Ésquilo o mais antigo , até lutou na guerra contra os persas. Sófocles parecia um sujeito bem quisto, inteligentíssimo e com muito talento artístico. Eurípedes foi o último dos 3 grandes trágicos gregos e segundo Nietzsche, o graaaaaande responsável pelo declínio da tragédia. Sabem por quê? Bem...Eurípedes desequilibrou a relação entre o “apolíneo” e o “dionisíaco” acabou com o esquema de colocar mitos nas peças, as suas obras ficaram um tanto que mais “profundas”, ou de certa forma, com “análises psicológicas pormenorizadas”.Ou seja: “ Eurípedes quis dar uma intelectualizada no negócio e acabou tirando a graça da parada.” O tal do “enredo” saia do foco e em seu lugar entrava a “mensagem”. Além disso , acabou com o coro[2] e participação do público.Deu no que deu.
O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música é um livro que vale a pena ler. Não somente para nos instruir mas também para vislumbrarmos o “seio intelectual” no qual mamaram Sócrates e Platão e que por consequência , mamamos todos nós até o dia de hoje.
J.T.
[1]http://educacao.uol.com.br/historia/guerras-medicas-contexto.jhtm
[2]http://www.fcsh.unl.pt/invest/edtl/verbetes/C/coro.htm

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