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sábado, 10 de setembro de 2011

Roque Santeiro e o Berço do Herói


Na quarta feira, 07 de setembro, fiquei deitado assistindo programas gravados no canal a cabo VIVA que é um canal de TV por assinatura brasileiro, que faz parte do grupo Globosat. Passava um capítulo da novela Roque Santeiro  que foi apresentada pela Rede globo em TV aberta em 1985,baseada em um trabalho original de Dias Gomes, a peça de teatro O Berço do Herói.
Na peça, um cabo do exército brasileiro na Campanha da Itália em plena Segunda Guerra Mundial sai correndo em direção ao exército inimigo e é tido como morto findada a batalha. Como seu corpo nunca fora encontrado, é tido como herói de guerra, à partir disso tudo , em sua cidade natal começa a tomar forma um grande sistema de comércio turístico explorando a história do herói morto, passando a cidade inclusive a se chamar “Cabo Jorge”. Quase todos os órgãos, clubes e entidades da cidade passam a se chamar “Cabo Jorge”. Eis que 20 anos depois, o fujão aparece na cidade e se encontra com o prefeito, que é seu amigo de infância. O herói conta que “sofrera um ataque de pavor, saindo correndo aos gritos com o fuzil em mãos e sem olhar pra nada; havia muita fumaça e névoa, passou por cadáveres de alguns alemães, só então percebendo que havia corrido em direção às linhas inimigas, ouvindo cada vez mais distantes seus companheiros gritando atrás de si, passou por escombros, mais adiante continuando a correr sem saber por que ou conseguir parar viu-se dentro de uma floresta onde se perdeu. Fazia frio, final de outono europeu, quase inverno, tempo encoberto. Após passar por maus bocados durante o dia e vagar um tempo que ele não sabe especificar, durante o qual os sons de batalha foram ficando cada vez mais distantes, ele avistou uma casinha, viu luz, aproximou-se cautelosamente, observou sorrateiramente pela janela uma bela mulher, que estava sozinha. Ele resolveu bater, ela atendeu e o deixou entrar para se aquecer, lá passou a noite, um dia, dois, foi ficando, foram se entendendo, o tempo passou, a guerra acabou e ele decidiu continuar vivendo ali com ela. Conforme o tempo passava, algumas pessoas iam chegando enquanto outras iam voltando às casas que tinham abandonado durante a guerra; com ninguém se lembrando ou mesmo se importando em como ele havia chegado ali, se tornara assim parte do lugar e aceito por todos.”[1]       Na peça, o prefeito e outras pessoas que lucravam com a história, decidem se livrar do visitante inoportuno e o acabam envenenando.
       A novela Roque Santeiro teve a peça como base, sendo o Cabo Jorge substituído por um coroinha com extrema habilidade em confeccionar estátuas de santos e que acabaria morrendo ao enfrentar as tropas de um criminoso, o bandido Navalhada. Dessa forma, Luiz Roque Duarte, conhecido como Roque Santeiro passa a figurar como santo até que retorna à cidade 17 anos depois. O enredo da novela gira em torno da presença do ilustre forasteiro que muita ente não conhece.
       Na última cena que assisti, Sinhozinho Malta entra preocupado no quarto de Viúva Porcina , que está de camisola, sem muita parte do corpo à mostra e falando dormindo pedindo para alguém se retirar. Sinhozinho a acorda e pergunta com quem ela tava falando, desconfiado de que estivesse sonhando com Roque (que está hospedado na casa de Porcina). Sinhozinho, sobressaltado, então tranca a porta do quarto e diz que vai mandar colocar um monte de trancas. Vai até o quarto de Roque que está deitado sem camisa , com um livro sobe o corpo com  título “O intrépido Garanhão”. Sinhozinho tira a chave do lado de dentro da porta, coloca do lado externo , sai do quarto, fecha a porta e a tranca pelo lado de fora. Sinhozinho então coloca o Chapéu e suspira aliviado.
       A peça[2] é uma crítica à forma como nossos heróis são criados, e escrita na década de 60, em pleno regime militar, seria censurada na década de 70 , mesmo sendo modificada em conteúdo e no título para “Roque Santeiro”, podendo ser exibida somente em 1985 no Governo Civil de José Sarney depois do fim da Ditadura Militar.
       Não se fazem mais novelas como antigamente.
       J.T. Basilisco.

[1] http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Ber%C3%A7o_do_Her%C3%B3i
[2] Em PDF , eis a peça: http://pt.scribd.com/doc/17872583/Dias-Gomes-Roque-Santeiro-ou-O-Berco-do-Heroi-pdfrev

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